segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Homicídio

Fechem minha boca...

porque quero gritar teu nome.



Tapem meus ouvidos...

porque quero te ouvir.



Cubram meus olhos...

porque quero te ver.



Amarrem minhas mãos...

porque quero te tocar.



Prendam meus pés...

porque quero te encontrar.



Contenham meu corpo...

porque quero te entregar.



Transpassem meu coração...

porque quero te amar.



Arranquem, por fim,

minha alma...

porque já não serei mais eu.



Silvia Munhoz

Quero negar

Silvia Munhoz



Eu quero negar, e não consigo,

este amor que me vai por dentro,

que engole a minha alma

e depois me pede calma

para viver este momento.



Eu quero negar, e não consigo,

este amor que me enlouquece,

que esfacela o meu peito

e mesmo desse jeito,

cuidadoso, me enternece.



Eu quero negar, e não consigo,

este amor que me atormenta,

me consumindo paciente

tal qual uma semente

que do solo se alimenta.



Eu quero negar, e não consigo,

este amor que me domina,

que se impõe no meu viver

e sem eu perceber

já é a minha sina.



Eu quero negar, e não consigo,

este amor tão delicioso,

que me tem feito companhia,

só trazido alegrias

ao meu coração fogoso.



Eu quero negar, e não consigo,

este amor que vai comigo

neste peito sofredor,

tão carente do amor,

que só você soube me dar.

Imaginação

Eu posso te sentir...
te ver...
te ouvir...
sempre que quero.
Não me desespero.


A mente deseja,
o coração lateja,
e te sinto meu
...aqui dentro...
no fundo da alma.
Isso me acalma.


Sinto teu gosto,
teu cheiro.
Sinto-te...inteiro.
Toco tua face
como se não importasse
ser apenas em sonho.


Esse proceder me conforta.
Que me importa,
se tudo isso é irreal,
pois esse foi o único jeito
que eu encontrei
de te ter, afinal!


Silvia Munhoz

Amor, não fuja

Tentava entender o que existe entre a gente.
Não consegui uma resposta convincente.
Tudo aconteceu devagar sem se esperar.
Foi criando raízes, nos deixando felizes.
Isso é tudo que sei.
De você eu gostei.
Você olhava pra mim, você cuidava de mim.
Ficávamos nos ensinando, nos confortando.
Nossos ombros eram largos;
nossos sentimentos amargos.
Tudo foi passando, você se entregando,
e eu igualmente, fazendo-o meu confidente.
De repente percebemos que nossos ombros
se transformaram em abraços,
criando fortes laços de sentimentos estranhos.
Que eram tamanhos, e nos assustaram.
Ficamos confusos...nossos sonhos voltaram,
e neles...tudo estava mudado.
Nos vimos apaixonados sem saber como agir,
e num primeiro momento deu vontade de fugir.
Tudo parecendo tão complicado,
chegando no momento errado.
Mas, amor, eu peço a você:
não faça nada precipitado, fique do meu lado.
Saberemos resolver; temos ainda
muito que aprender nesta vida terrena,
que preparou essa cena pra nos envolver.
São sentimentos bonitos,
que muitas vezes já foram escritos
por poetas sensíveis às coisas invisíveis
ao coração dos homens comuns.
Amor, fique comigo só mais um pouco,
este mundo é mesmo louco!
Não importa de que maneira,
nos foi concedido viver este doce momento
de encantamento e prazer.
Silvia Munhoz

Que falta você me faz!

Silvia Munhoz



No dia que amanhece,

na noite que chega...

Que falta você me faz!



Na lembrança que volta,

na saudade que aperta...

Que falta você me faz!



Na lágrima que corre,

no lenço que a seca...

Que falta você me faz!



No coração que só bate,

no desejo que teima...

Que falta você me faz!



Nas noites que passo acordada,

nos dias em que fico calada...

Que falta você me faz!



Na sua demora em voltar,

no seu silêncio de morte...

Que falta você me faz!

Que falta!

Flores virtuais

Vindas de longe .

Lindas...intocáveis e imortais.

Não tinham perfume...eram virtuais.

Traziam, no entanto,

todo o encanto de um carinho,

que viajou por um e-mail,

e, mesmo desse jeito, ele veio

resplandecendo de magia.

Falavam de amizade;

passavam ternura,

e nessa mistura...eu me emocionei.

Senti não poder tocá-las

ou mesmo colocá-las

num cantinho especial.

Então, instintivamente, guardei-as

bem no fundo do meu coração.

Embora fossem simples flores virtuais

fizeram brotar emoções bastante reais.

E, eu sei bem o porquê...

nelas havia um pouquinho de você.



Silvia Munhoz

Ah, vida...

Ah...vida, o que me fizeste?!

Tiraste-me a paz!

De mim, já não sou capaz.

...Arrasto-me.

Ah...vida, o que me fizeste?!

Minha alma, agora, estremece.

Quisera eu pudesse

sanar esta dor.

Ah...vida, o que me fizeste?!

Meu coração se esfacela

tomado por seqüelas

que são profundas demais.

Ah...vida, o que me fizeste?!

A razão, eu perdi.

E o que consegui?

...A mutilação.

Ah...vida, o que me fizeste?!

Um amor tão verdadeiro e incrível!

Tu não avisaste ...ele era impossível.

...Eu não percebi.



Silvia Munhoz

QUASE AMOR

Momentos inesquecíveis aqueles,
quando um nickname busquei,
e no meio de tantos deles, o seu encontrei.


Eu estava carente,
com a vida, havia batido de frente.
Magoada busquei por carinho.
E veja... Você cruzou meu caminho.

Lembro-me bem da atenção que recebi.
Isso, eu nunca mais esqueci.


Você foi e tem sido muito amável,
um grande amigo, adorável.


Você é romântico por natureza
e tem, realmente, algo mais.
Trata-me com tanta delicadeza,
que eu me rendo: quero-lhe demais.


Faz-me sentir envolvida em carícias,
ditas de uma forma tão perfeita,
que me fazem acreditar ser eu a sua eleita.


Vivemos momentos de paixão,
uma forma de aventura.
Noutras vezes, muita discussão.
Mesmo assim, esse querer ainda dura.


E, nesse vaivém do coração,
nesses encontros e desencontros,
com certeza nós dois estaremos
para esse amor, um dia, prontos.


Silvia Munhoz

Falta de jeito

Toda vez é assim...
Você tira tudo de mim,
e depois, de mansinho,
vem com carinho
e me engana outra vez.
Meu coração não aprende,
só depois se arrepende
e tenta entender.
Vive da embriaguez
que você causa em mim.
Muitas vezes sofre calado,
totalmente anestesiado
por um amor
desprovido de fim.
Essa sua falta de jeito,
ferindo meu peito,
não mais me magoa.
Acostumei iludir-me,
mantendo-me firme
fingindo não perceber.
Não precisa mais se esforçar
pra tentar me enganar
com sua falta de jeito
porque o meu peito
só aprendeu...amar.

Adeus

(Silvia Munhoz)



Amor,
quando você estiver lendo
esta mensagem,
eu já terei seguido viagem.
Parto com passagem só de ida,
levando comigo
todos os sonhos de uma vida.
Na bagagem,
as esperanças de um dia
seguem numa mala,
hoje, quase vazia.
Nos bolsos,
apenas um lenço
para as vezes
que em você eu penso,
com os olhos marejados.
Sabíamos
que esse momento chegaria
e que o mais correto seria
eu mesma partir.
Assim como cheguei...
do nada...
sem ter para onde ir,
assim...sem nada...
eu vou sair.
Quanto às velhas esperanças,
estou levando nesta mudança
para atirá-las ao sabor do vento,
junto aos meus sentimentos.
Não vou olhar para trás,
posso não ser capaz
de seguir em frente
e, num repente, querer voltar.
Não quero parar na estrada
e de arrependimento chorar
por não ter tentado ficar.
Estou seguindo sem rumo.
Devagar eu me acostumo.
Mas, se o imprevisto surgir
e eu me sentir
demasiadamente só,
suplicarei a Deus
que piedosamente...
devolva-me ao pó.

Quando me quiseres

Silvia Munhoz





Calço meus sapatos, fecho a minha mala.

Pouca coisa para levar, quase tudo para ficar.

Lembranças eu não quero; vivências que eu supero.

Vou com muita certeza, não admito estranheza

daqueles que não me amaram.

Quero a vida que não tive, nesse tempo todo que estive

tão próxima do anonimato.

Serei feliz, do meu jeito, sem toda essa dor dentro do peito

na espera inútil de findar.

Ouvirei de longe o seu chamado e, com os olhos bem fechados,

seguirei meu coração.

Todos os passos eu darei, como sempre imaginei...

em sua direção.

Fagulha

Silvia Munhoz

Quando tudo parece morrer,
quando tudo parece terminar,
surge essa estranha fagulha,
fazendo nosso amor incendiar.


Renascendo, assim, quase do nada,
do sem querer querendo demais,
dos pequenos momentos vividos,
que não esqueceremos jamais.

Brota de nossas almas sofridas,
cansadas de tanta dor,
tentando amenizar as feridas,
às custas desse novo amor.


Faz sentimentos, já esquecidos,
ressurgirem fortalecidos,
a cada pequeno reencontro
que porventura acontece.


Faz as emoções voltarem fortes,
na mesma intensidade de outrora
provando que dentro do peito,
escondido, esse amor ainda mora.


Mora, nesse nosso peito desastrado,
que se atrapalha feito criança,
diante desse amor inusitado.


Que não sabe decidir
entre o sim e o não,
deixando enfraquecer
lentamente, essa paixão.


E, quando tudo parece morrer,
quando tudo parece terminar,
surge essa estranha fagulha,
fazendo nosso amor incendiar.

Acreditar

Silvia Munhoz

Senti uma brisa no rosto, que tinha teu gosto.
Passou bem de leve, foi muito breve,
meu coração afagou.
Senti uma gota de chuva percorrer minha face,
deixando-me num impasse, se...lágrima de amor.
Senti um arrepio no corpo, pedindo conforto,
querendo teu calor.
Senti o coração apertado pulsar disparado,
tentando saltar.
Estranha sensação acalentou o coração,
fazendo-me sonhar!
Senti minha boca sorrir e, os lábios, abrir,
querendo te beijar.
Senti que era pouco e delirei como louco,
pensando te tocar.
Tendo-te, então, com imensa paixão.
Como foi bom acreditar!